Recentemente tive um Aha! que gostaria de partilhar. Um Aha! que embora tenha se revelado agora, é um processo de descoberta consciente e inconsciente sobre ver a mim e o mundo por diferentes perspectivas. Percebi na prática que a vida é o caminho, e me dar conta disso traz um enorme acalanto. É isso, descobri algo que muitas pessoas queridas da minha confiança já me falavam com tamanha certeza. Incorporei esse aprendizado. Quando isso acontece é uma sensação muito boa, algo como “é verdade o que fulana me dizia!” ou “nossa, como faz sentido o que sicrano descreveu naquele livro ou vivência!”
Saber que a vida é o caminho ainda não significa que já sei o que fazer com essa informação, apenas significa que estou olhando para isso, pronta para experimentar!
E é caminhando que se faz o caminho. Esses movimentos acontecem no equilíbrio e no desequilíbrio, acontecem na incoerência de se buscar a coerência entre o que se fala e o que se faz, entre reconhecer seus valores base e se dispor a transformá-los em ações. Sinto que esse caminho acontece quando nos colocamos em movimento na confrontação dos princípios de cada um com os princípios dos grupos dos quais fazemos parte e, em maior escala, quando os confrontamos com a sociedade a qual vivemos. Acontece no desejo de contrair e perceber que a vida está te dando sinais para expandir. Aliás é como me sinto agora.
O viver acontece em momentos de contração e expansão ou sístole e a diástole *, como diz a antroposofia em relação ao desenvolvimento humano integral. Acontece na Natureza e, como somos parte dela, seria estranho se fosse diferente aos humanos (outro Aha!)
Se o viver acontece no caminhar, penso que o bem viver acontece ao seguir o fluxo desses movimentos, com a cabeças nas estrelas, mãos na massa e pés no chão, mantra do Transition Brasil, grupo em que me sinto fortalecida a olhar e a semear essa visão de que a perfeição está em aceitar a imperfeição, imaginando o mundo dos sonhos e o cocriando aqui e agora, com os recursos que temos disponíveis, sem sofrer e tão pouco estar alheia às dores do mundo. Talvez essa clareza tenha se dado por eu ter esse ano encontrado um grupo, o Hub da Transição Brasileira, ao qual me sinto em sonoridade, pertencente, ouvida e reconhecida. Um grupo de mulheres maravilhosas, certamente à frente do seu tempo, que querem abrir espaço a diversidade, simplesmente abrindo, como sabem, aprendendo sobre esse espaço e o que precisa ser feito diferente na experimentação; dando voz às singularidades de cada um ao repensar os espaços de fala; ouvindo o que o outro tem a dizer, ouvindo, mesmo que isso não signifique espelho e mesmo que doa, pois estamos nos curando juntas, cada uma com a sua dor. E curar o mundo é curar a si mesmo, com o outro, em movimento de ouvir e dialogar com os iguais e com os opostos, na medida do possível do individual e do coletivo.
Entendo que essa transição planetária é necessário espaço para quem luta, para quem defende bandeiras, para quem cala e para quem simplesmente acolhe. Sinto isso nesse grupo: acolhimento, espaço para tudo isso. Sou grata, apenas queria registrar isso.
E você, já teve seu Aha!?
*A sístole e a diástole representam dois momentos importantes no ciclo cardíaco: a saída e a entrada de sangue no coração. Elas representam a contração e o relaxamento do coração, respectivamente.
Por Gabriela Cilento Conti Montenegro
Ahou querida Gabi. Que lindo texto. Estamos junt@s tecendo essa rede amorosa e o mundo mais bonito que nossos corações sabem ser possível, como
diria Charles.